2023 – guardado na memória – 2024 – imprevistos e incertezas

Suely Tonarque

Suely Tonarque (*)

Às vezes – na verdade, toda passagem de ano – fico mais insegura, com receio do ano, com medo de ficar doente, com angústia em relação ao ano que se aproxima, entre outros sentimentos.

Acredito que é o controle tomando espaço na minha existência – vou morrer? (claro) – vou mudar (físico, geográfico, psiquicamente?) – vou dar conta, memo velha??? Socorro!!!

Aos poucos, consigo me acalmar… Reflito: tem a literatura, o cinema, os amigos, a música, os grupos de estudo, o bordado, a vila, o trabalho, os vestidos, os irmãos, as irmãs… Socorro!!!

E, lentamente, sinto o aroma das flores, do ar leve quando chove, a brisa do sol indo embora, a alegria de me encontrar novamente…

E penso que os acontecimentos na vida são imprevisíveis, singulares e não se repetem.

“Toda vida é um navegar num oceano de incertezas”. (Edgar Morin)

O que é possível, apesar das incertezas imprevisíveis, o querer tudo???

Bem que se quis

(Marisa Montes)

“Bem que se quis
Depois de tudo
Ainda ser feliz
Mas já não há
Caminhos pra voltar

E o que que a vida fez
Da nossa vida?
O que é que a gente
Não faz por amor?

Mas tanto faz
Já me esqueci
De te esquecer porque
O teu desejo
É meu melhor prazer
E o meu destino
É querer sempre mais
A minha estrada corre
Pro seu mar

Agora vem pra perto, vem
Vem depressa, vem sem fim
Dentro de mim
Que eu quero sentir
O teu corpo pesando
Sobre o meu
Vem, meu amor, vem pra mim
Me abraça devagar
Me beija e me faz esquecer

Bem que se quis
Depois de tudo
Ainda ser feliz
Mas já não há
Caminhos pra voltar

O que é que a vida fez
Da nossa vida?
O que que a gente
Não faz por amor?
Mas tanto faz
Já me esqueci
De te esquecer porque
O teu desejo
É meu melhor prazer
E o meu destino
É querer sempre mais
A minha estrada corre
Pro seu mar

Agora vem pra perto, vem
Vem depressa, vem sem fim
Dentro de mim
Que eu quero sentir
O teu corpo pesando
Sobre o meu
Vem, meu amor, vem pra mim
Me abraça devagar
Me beija e me faz esquecer

Bem que se quis.”

Uma pausa para cantar, ouvir, sonhar, dançar com o que se quer e acreditar que a experiência do viver são as incertezas do nosso destino, o desejo de esperar o inesperado.

Termino aqui com o poema da Adélia Prado, desejando que possamos aprender a lidar com as surpresas, com o inesperado!

Exausto

(Adélia Prado)

“Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.”

(*) Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer

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